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Vai realizar-se em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, de 26 a 28 de Setembro de 2011, o Congresso Regional Europeu da AISV-IAVS– Associação Internacional de Semiótica Visual.
Línguas oficiais do congresso: Português, Francês, Inglês e Espanhol
CHAMADA DE COMUNICAÇÕES
A. Destinatários : Semiótica e perspectiva interdisciplinar
A semiótica do espaço procura contribuir para o entendimento dos efeitos de sentido a que a noção de espaço está associada, assim como para operacionalizar os seus instrumentos de análise. O Congresso Regional Europeu da Associação Internacional de Semiótica Visual (AISV-IAVS) deverá interessar todos os que trabalham e reflectem sobre a significação dos fenómenos espaciais ligados, entre outras áreas, à arquitectura, à geografia, ao urbanismo, à comunicação, ao design, às artes plásticas, à cibercultura, à performance, à televisão, ao cinema, à literatura e ao marketing. O Congresso procurará associar investigadores de semiótica de todas as suas filiações: barthesiana, cognitivista, greimasiana, peirceana, pragmatista, retórico-argumentativista,… A diversidade de pontos de vista potenciará uma perspectiva comparativa de aprofundamento dos instrumentos e das metodologias interdisciplinares que caracterizam a teoria semiótica. Norbert Wiener anunciou "o futuro do mundo será uma luta cada vez mais renhida contra os limites da nossa inteligência".
B. Contextualização: Campos espaciais e visuais inerentes à aceleração da história
Nos últimos séculos os fenómenos espaciais têm vindo a sofrer grandes mutações devido à aceleração da história (Virilio): no século XIX destaca-se o grande movimento dos caminhos de ferro; no século XX a velocidade supersónica dos aviões e dos foguetões; o século XXI é marcado pela cultura da instantaneidade tornada possível graças às novas tecnologias que abriram, através da Web, uma brecha, "um mundo dentro do Mundo". As consequências da aceleração da história são multiplas mas escolhemos destacar duas tendências:
• A urbanização do tempo real – O tempo das "massas e das máquinas" (Ernest Jünger), que é o nosso, é também o tempo da "comunicação generalizada" (Gianni Vattimo), e configura um espaço de visualidades assistidas e formuladas pela técnica, enfim, um ambiente de redes electrónicas. Ao mobilizarem a época, as tecnologias da informação deram outros contornos ao mercado global e aceleraram o tempo histórico, ligando os indivíduos em tempo real. Por sua vez, as biotecnologias, fundindo o orgânico e o inorgânico, proporcionam-nos uma criação de híbridos, que corresponde a uma superação da própria vida humana, uma vida imaginariamente enriquecida e melhorada biotecnologicamente. A Web permitiu, assim, a criação ex novo de um novo espaço e de uma realidade nova "um mundo dentro do Mundo". Passamos a falar de espaço digital, de espaço global, de espaço das redes sociais, de espaço público global e de ciberespaço. O digital, a cibercultura e o movimento das redes electrónicas constituem-se como um espaço alternativo, que nos acolhe a nós e ao mundo, como a navegação que importa para chegarmos à nova América de um novo paradigma cultural.
• A desurbanização do espaço real – Este ciberespaço despoletou um deslocamento da noção de espaço, o sujeito deixa de se representar apenas no espaço concreto do território e passa a representar-se também no espaço interactivo da comunicação. Segundo Virilio as novas tecnologias provocam a "tele presença" e simultaneamente a velocidade absoluta e o controlo absoluto. As formas de utilização desta "tele presença" pelo mercado mundial geram a urbanização do tempo real e a desurbanização do espaço real, sendo a resultante uma cidade global e mutante. Como Rem Koolhaas ilustra no Harvard Project on the City, a "cidade mutante" possui como característica comum, ser regida pela dinâmica do valor mercantil à escala global e agrupar uma população superior a 10 milhões de habitantes. Segundo Koolhaas estas "cidades mutantes" sublinham determinados mecanismos de espacialização, que permitirão forjar certamente um novo paradigma de cidade contemporânea. A condição espacial contemporânea é uma realidade móvel, flutuante, da Ásia à América, da África à Europa, é o berço de grandes energias que atravessam o mundo num instante produzindo uma sociedade que mudou radicalmente de escala.
As duas tendências expostas, ao longo desta contextualização sobre os campos espaciais e visuais inerentes à aceleração da história afectam particularmente as produções visuais. O poder do canal visual já permitia uma apercepção aparentemente imediata dos fenómenos e do seu tratamento espacializado. A aceleração dos processos de troca reforça sem dúvida esta característica fundamental.
C. Temas para a reflexão e o debate
1. Semiótica e sistemas de valor – novos espaços e novas modalidades visuais
De que modo "a urbanização do tempo real e a desurbanização do espaço real" se explicita visualmente em cada um dos nossos domínios (arquitectura, geografia, urbanismo, comunicação, design, artes plásticas, cibercultura, performance, televisão, cinema, literatura, marketing, etc.)? Será que a gestão destes novos espaços e destas novas modalidades visuais não pressupõe um questionamento dos sistemas de valor à escala planetária?
2. Semiótica e estruturação das produções visuais
Será que o novo paradigma de cidade contemporânea exigirá outras gramáticas espaciais? Uma vez que a cronodiversidade —um passado, um presente e um futuro—, condição necessária para a estruturação progressiva do espaço, se vai diluindo na instantaneidade, exigirá a cidade contemporânea outras formas de estruturação? Será que o espaço "real"se verá reduzido apenas a uma estrutura de superfície, sem memória, sem sociodiversidade, sem biodiversidade?
3. Semiótica e ciberespaço. Novos parâmetros espaciais, novas modalidades visuais?
Os media que convergem para as redes de computadores interligadas criam novos tipos de espaços: espaços de relação, de projecção, de encenação, de constituição da actualidade…. Precisamos de facto interrogar a maneira como a cultura é cada vez mais determinada pelo espaço mediático. O ciberespaço introduz parâmetros de espacialidade diferentes do espaço "real"? Será pertinente construir uma semiótica do ciberespaço? Podemos conjugar os objectos ciberespaciais, com objectos como as nuvens, as atmosferas ou os climas, convertidos em temas recorrentes das performances artísticas?
4. Novos espaços e morfologias
Considerando as obras fundadoras da morfologia (Goethe, Saint-Hillaire, D'Arcy Thompson, Warburg, Gombrich, Thom) o impacto da abordagem morfológica em campos tão diversos quanto a biologia, a matemática, o urbanismo, a análise da dinâmica de sistemas nas ciências sociais, ou na história e na filosofia da arte e considerando ainda o impacto de outras correntes inovadoras, como a semiótica morfodinâmica e as neurociências, que possuem como objecto a interacção perceptiva entre o sujeito e o seu meio,... De que forma o olhar de uma semiótica morfodinâmica nos permitirá abordar as questões ligadas à urbanização do tempo real e à desurbanização do espaço real?
5. Espaços de vivência
A maior parte das nossas experiências sociais, intelectuais e sensíveis, mesmo as mais elaboradas, estão ligadas ao espaço situacional: onde encontrar o outro, fugir de um perigo, agarrar um objecto, alimentar-se, observar um fenómeno, … Como é que estes diferentes espaços situacionais e factuais se tornam o suporte epistémico do conhecimento e da experiência? Será que o espaço físico possui a mesma estrutura que o espaço social, territorial, ou que o espaço das nossas abstracções? Os espaços fabricados: teatral, ficcional, pictural, escultural, arquitectural, etc., são eles a expressão da nossa cognição imaginária, das nossas representações mentais? Qual será o contributo da semiótica cognitiva à compreensão da significação espacial e das mutações visuais? De que forma a experiência, a fenomenologia espacial e as novas modalidades visuais se orientaram para a evolução das funções semióticas? E qual é a sua relação com a fenomenologia do tempo?
Normas de submissão
Os resumos devem ser escritos em Francês ou Inglês e não poderão exceder as 500 palavras. Todos os resumos serão avaliados em revisão de pares, de acordo com os seguintes critérios: originalidade, relevância e ligação às temáticas do congresso.
Para facilitar o processo de revisão por pares, a comissão organizadora solicita que seja adoptado o seguinte formato de submissão por correio electrónico. No corpo da mensagem é obrigatória a inclusão dos seguintes dados:
• ESCOLHA DA THEMÁTICA DE REFLEXÃO em que a proposta se insere e formato da comunicação: oral ou poster (Arial11; Itálico; Centrado).
• TÍTULO (Arial14; Negrito; Centrado).
• Autor, Instituição e País (Arial11; Itálico; Centrado).
• TEXTO (Arial12, espaçamento 1,5, sem tabulações, alinhamento esquerdo ou justificado).
• Anexar à mensagem um ficheiro PDF com os dados anteriores, mas sem identificação do autor no nome do ficheiro, que deverá ser um código de 3 letras e 6 algarismos aleatórios (exemplo: CHT359619.pdf).
Prazos
As propostas de trabalhos devem ser submetidas até 31 de Março 2011, para o seguinte endereço de correio electrónico: aisv2011@gmail.com . Uma mensagem de confirmação será enviada para o seu e-mail. A notificação de aceitação será enviada até 30 de Abril 2011.
Os textos integrais deverão ser entregues até ao dia 15 de Julho de 2011. A comissão organizadora divulgará a informação sobre o formato mais tarde. Um e-Book será publicado com os textos integrais recebidos pela organização. Prevê-se que alguns dos textos sejam posteriormente publicados em revistas referência. A informação sobre essas revistas será brevemente divulgada pela comissão organizadora. Para mais informações consultar o site do congresso: http://aisv2011.yolasite.com/
Observem as datas:
Chamada de Comunicações (apresentação | poster)
9 de Fevereiro, 2011
Data Limite para submissão de Comunicações
31 de Março, 2011
Notificação de Aceitação
30 de Abril, 2011
Inscrição Antecipada (com bonificação)
até 15 de Junho, 2011
Data Limite para submissão de Artigos Completos
até 15 de Julho, 2011
Data Limite para Inscrição (sem agravamento | sem bonificação)
4 de Setembro, 2011
Inscrição durante o evento (com agravamento)
26 a 28 de Setembro, 2011